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Precisamos falar sobre o nosso vício em "likes"

Ju Ferraz

05/04/2019 20h55

Um like é só um like. Não deveria validar ninguém, nem frustrar ninguém e muito menos deveria fazer alguém se sentir melhor ou pior por conta de um simples ato mecânico da contemporaneidade. Sim, um ato mecânico e quase involuntário em algumas situações: quantas vezes você deu um like sem nem ver a imagem? Ou quantas vezes gostou de uma imagem, um texto ou um vídeo e não se lembrou de dar um like? Há muitas possibilidades entre um like ou um não-like. Estou dizendo isso porque por um momento eu parei para me perguntar se eu deveria deletar um post que teve poucos likes no meu Instagram. O pensamento durou alguns minutos, até eu me dar conta do que estava acontecendo. Eu gostei de um assunto. Eu quis falar sobre esse assunto nas minhas redes sociais. E eu postei sobre o tal assunto. Mas algumas horas depois o post tinha ganhando pouquíssimas curtidas. Fiquei com vergonha e pensei em deletar. Olha a que ponto a loucura contemporânea chega: a gente sente vergonha de ter um post com poucos likes. O simples fato de eu gostar do assunto postado não é o suficiente. Ele precisa ser validado.

Aos poucos a gente vai percebendo essas prisões nas quais a gente vai se trancando. Aos poucos a gente vai entendendo que o outro é só o outro. Que um like é só um like. Que a minha validação só depende de mim mesmo. E que os rumos da minha vida – e isso passa até pelo que posto no meu Instagram – só faz sentido quando eu faço as minhas escolhas baseadas no que eu sinto, no que me move, no que me deixa feliz. E não para servir de entretenimento para o outro. É claro que não estou falando que o like, que as redes sociais e o número de seguidores não são importantes. É claro que são. De certa forma, eles movimentam a economia, fazem a roda girar e eu, como inserida no mercado de publicidade, de eventos e live marketing, sei a força que o maravilhoso mundo do like tem. E mais do que isso, pessoalmente, é bem legal também, no meu instagram pessoal, quando coloco questões pessoais, onde divido anseios, dúvidas e empoderamentos, ver a força que isso toma. Nesse aspecto, em uma outra ponta, a profusão de likes pode nos levar para um lugar de acolhimento, de que não estamos sozinhos. Mas também é preciso ter cuidado para não se iludir e achar que isso significa que o seu mundo é lindo, perfeito e sem defeitos porque não é. Por isso, é preciso estar atento e forte no universo das redes sociais. É preciso não se deixar puxar para trás e nem muito para o alto. É preciso sempre estar com os pés no chão, consciente e ciente do seu valor. E isso, não tem like que pague.

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Sobre a autora

A baiana Ju Ferrazcomeçou a carreira em Salvador como assessora de imprensa, até migrar para São Paulo, onde trabalhou em diversas empresas de comunicação, criando produtos editoriais exclusivos, projetos especiais de cross media e produção de eventos. Atualmente é diretora comercial, novos negócios e de relações públicas da Holding Clube. Mais do que uma executiva competente, com anos de experiência nas mais diversas plataformas, Ju é a mulher real que não tem medo de se jogar de cabeça em novos projetos e novas ideias ou de expor suas fraquezas. E mais: está longe de se transformar em uma figura idealizada descolada da realidade.

Sobre o blog

Um espaço para pensatas, conversas, divagações e troca de experiências sobre o que é ser mulher nos dias de hoje.

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