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Por que mudar? Wanessa Camargo responde: "Por não ter medo de ser feliz"

Ju Ferraz

04/05/2018 20h51

Faz 18 anos que Wanessa Camargo surgiu no mundo musical com o pé na porta, sem pedir licença e sem receio de se arriscar no universo pop. O oposto do que se esperava dela, já que ela é filha de Zezé di Camargo e o sertanejo vivia um dos seus momentos mais lucrativos. E desde então, ela nunca mais parou, sempre se colocando como uma mulher independente, dona do seu próprio nariz e senhora de seu destino. Wanessa fez seu primeiro clipe com o namorado da época, vendeu milhares de discos, virou ícone gay ao se aventurar pelo universo eletrônico, fez parceria internacional com o astro do hip hop Ja Rule, se arriscou pelo sertanejo, tirou o Camargo do nome, voltou com o Camargo, se casou, teve dois filhos e, agora, está de volta fazendo barulho com o clipe e a música Mulher-Gato.

Olhando de fora essa metamorfose ambulante, a pergunta que a gente se faz é: será que ela não fica com medo com tantas reviravoltas e passos tão largos? A resposta veio direta: "Não tenho medo de ser feliz". E isso me fez pensar na minha própria trajetória. De menina rica para a falência financeira da minha família, o nascimento do meu filho quando eu ainda era muito jovem, a mudança da Bahia para São Paulo em busca de um salto no escuro, no qual eu não sabia o que me esperava, responsabilidades profissionais cada vez maiores assumidas, mudanças de emprego, de cabelo, de peso… Enfim, Wanessa Camargo me fez rever toda a minha trajetória também, quando eu me fiz a mesma pergunta. Eu não tenho medo? A resposta que eu dei a mim mesma, foi um pouco mais ampla: "Eu também não tenho medo de ser feliz, e a minha felicidade só se completa quando eu me sinto viva, ativa, pensante e, por consequência, mudando".

E por isso eu quis conversar com essa artista, mãe, mulher sobre assuntos que fazem parte, também, do dia a dia de muitas mulheres. O papo, vocês leem a seguir!

Ju Ferraz: O que a Wanessa de hoje diria para a jovem Wanessa Camargo que estava começando a carreira nos anos 2000?
Wanessa Camargo: Eu diria para não se importar muito, trabalhar pensando puramente na arte e não se importar com o que as pessoas irão dizer ou falar.

JF: Você é uma mulher destemida, que está sempre em constante mutação. Como não ter medo das mudanças? De onde voce tira a força para se jogar nessas transformações?
WC: Eu acredito que a mutação é algo natural de todos nós, e como alguém que trabalha com arte, isso vai ser constantemente visto em meu trabalho. Não podemos ter medo de quem nós somos, e isso engloba ter que aceitar todos os nossos lados e todas as nossas transformações… aceitar nossas virtudes e também os nossos defeitos.

JF: Mudaria alguma coisa na sua trajetória? E por que?
WC: Não acho que eu mudaria nada. Sou grata a tudo, até mesmo aos erros. Todo o caminho percorrido me trouxe onde estou hoje. Sou imensamente grata por fazer o que amo há 18 anos e ainda ser uma artista que as pessoas ouvem.

JF: O que a maternidade mudou na sua vida? Como é a Wanessa mãe?
WC: Mudou a minha percepção de tudo, me vez perceber o que o amor realmente é. Como mãe, eu sou uma verdadeira criança. Quero ser sempre a melhor amiga dos meus filhos, a que conversa, a que brinca, a que passa horas juntos fazendo coisas de criança. Ser mãe é como você sentir o seu próprio coração bater fora do seu corpo.

JF: Se considera uma mulher feminista? Como vê o movimento feminista atual?
WC: Eu tenho lido muitas escritoras feministas, como Angela Davis e Chimamanda Ngozi Adichie, e cresci ouvindo artistas feministas como Madonna e Rita Lee. Tenho outra percepção agora, acredito que toda mulher que luta de alguma forma por igualdade política, econômica e social entre os sexos, é uma feminista. Somos um movimento.

JF: Você foi fazer música pop, quando quase ninguém estava fazendo. Hoje, o pop é um dos principais caminhos da música mundial. O que aprendeu com o mundo pop? E para onde o pop pode nos levar?
WC: A música pop nos traz liberdade e uma missão muito importante de levar a mensagem certa para o ouvinte. Nossa música possui uma abrangência muito grande por estar em tudo que é canto – seja na internet, no rádio, na televisão -, então acho que é muito importante trazer uma mensagem junto e nunca ter o intuito de apenas vender. Adoro também como podemos brincar com a nossa música, nos tornar personagens ou mostrar algo que não fazemos no dia-a-dia.

JF: Aonde ainda quer chegar? Quais os próximos passos?
WC: A minha ambição é ser cada dia uma artista melhor, mais consciente e preocupada com todas essas questões que eu citei acima. Tocar as pessoas, fazê-las se sentir bem, fazê-las se divertir! Acho que a partir do momento que você é honesta consigo mesmo e com o seu trabalho, as consequências irão te levar para um lugar cada vez maior na carreira.

JF: O que ninguém nunca te perguntou, mas que você gostaria de responder?
WC: Nunca me perguntam do que eu não tenho medo! Eu não tenho medo de ser feliz!

Sobre a autora

A baiana Ju Ferrazcomeçou a carreira em Salvador como assessora de imprensa, até migrar para São Paulo, onde trabalhou em diversas empresas de comunicação, criando produtos editoriais exclusivos, projetos especiais de cross media e produção de eventos. Atualmente é diretora comercial, novos negócios e de relações públicas da Holding Clube. Mais do que uma executiva competente, com anos de experiência nas mais diversas plataformas, Ju é a mulher real que não tem medo de se jogar de cabeça em novos projetos e novas ideias ou de expor suas fraquezas. E mais: está longe de se transformar em uma figura idealizada descolada da realidade.

Sobre o blog

Um espaço para pensatas, conversas, divagações e troca de experiências sobre o que é ser mulher nos dias de hoje.

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