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Multifacetada, Cleo se lança como cantora: "A comparação é inevitável"

Ju Ferraz

11/05/2018 15h51

Gente é para brilhar, e Cleo sabe bem como fazer isso. Filha de Glória Pires e Fábio Junior e enteada de Orlando Morais, ela mostrou logo cedo que não ia se limitar ao rótulo que gostariam de imprimir na vida dela. "A comparação acaba sendo inevitável, eu entendo isso, principalmente porque meus pais são grandes artistas, extremamente talentosos no que fazem. Mas quero ser reconhecida pelo meu próprio trabalho, meus projetos vão em outra direção", contou Cleo, em papo íntimo e pessoal com o blog. A carreira como atriz começou aos 11 anos, quando fez uma participação na minissérie "Memorial de Maria Moura" (1994).  Depois, se afastou das telas por nove anos até encontrar por acaso com a diretora Monique Gardenberg e ser convidada para estrelar o longa "Benjamin" (2004), adaptação do livro de Chico Buarque, que lhe renderam ótimas críticas e o prêmio de "Melhor Atriz" no Festival do Rio. A partir daí, emendou um trabalho no outro e se estabeleceu como uma das principais atrizes de sua geração.

Foto: Jacques Dequeker

Agora, Cleo se permitiu, ainda, viver mais uma experiência: de alçar novos voos e investir em uma antiga paixão: a música. Ela se juntou ao produtor Guto Guerra para gravar composições, entre elas algumas de sua autoria, que geraram o seu primeiro EP, "Jungle Kid", que possui cinco faixas – três em inglês e duas em português. Já na semana do lançamento, o trabalho  bombou nas plataformas digitais e atingiu a playlist 50 Virais do Mundo com Bandida e 50 Virais do Brasil. Jungle Kid, aliás, ganhou clipe poderoso com direção do film maker Jacques Dequeker. "Não tem um conteúdo definido que quero passar, apenas quero que a minha música faça as pessoas atingirem um outro estado emocional", explicou.

Cheia de atitude e já estabelecida na carreira de atriz e entrando com pé direito no universo musical, Cleo quer mais e não se limita apenas às atuações nas telas, a atriz também empreende e já fechou diversas parcerias de sucesso, gerando milhões de acessos à sua loja online em seu site oficial, que deve virar aplicativo em breve.

Sempre atenta ao que a rodeia, entre seus muitos interesses, além das artes, destacam-se a astrologia, a meditação, as atividades corporais, a descoberta de novos lugares e o consumo de produções culturais como documentários, séries, filmes, música e literatura. Além de física quântica, matemática, cosmologia e antropologia.

E quando a gente fala que não tem rótulo que cabe em Cleo, é porque ela é assim, múltipla, multifacetada e cheia de interesses – como são, aliás, as mulheres modernas. E foi por isso que escolhi Cleo para bater um papo, que passeou por diversos assuntos, sem tabus e sem tempo ruim. Cleo não é um produto, mas a gente sempre quer consumir da sua arte sem moderação Vem ler o papo!

Ju Ferraz: Qual sua principal motivação de apresentar seu trabalho musical agora?

Cleo Pires: A vontade de fazer o que amo é a minha principal motivação. Música sempre foi a minha paixão, mas que foi ficando de lado por conta da carreira como atriz, mas cheguei em um ponto em que a vontade de cantar foi maior que tudo e me motivou, e motiva, a investir na carreira.

JF: Quem é a Cleo cantora-campositora? Ela é diferente da Cleo atriz e mulher?

CP: São versões diferentes de mim, sim. A música é mais íntima, tem um toque muito pessoal meu, é o momento no qual consigo me expressar de outra forma. Já a vertente atriz, eu me preparo muito para viver a vida de outra pessoa que é diferente de mim, tem opiniões e ações divergentes. Então é um pouco mais impessoal.

JF: O que a música significa na sua vida?

CP: Significa muito para mim. Eu tive uma infância muito musical e, consequentemente, a minha vida foi cercada de música. Ela está inserida em cada experiência que tive, tenho algumas canções que representam certas fases da minha vida. Eu tenho pensando em voltar a cantar desde os 19 anos, então é algo que cresceu dentro de mim a ponto de, agora, não ter como não lançar as minhas músicas.

(Foto: Jorge Bispo)

JF: O que existe por tras de suas composições? 

CP: São diversas mensagens, mas tudo muito pessoal. Nas minhas letras, falo sobre sentimentos meus, vivências e, sim, sobre a liberdade feminina, pois é algo que sempre foi muito forte em mim. Não tem um conteúdo definido que quero passar, apenas quero que a minha música faça as pessoas atingirem um outro estado emocional.

JF: Acha que o mercado reage de forma mais dura com as mulheres que decidem tomar as redeas da vida profissional e fazer suas escolhas sem medo de julgamento como você? 

CP: Com certeza a sociedade ainda reprime muito as mulheres, principalmente aquelas que são donas de si mesmas. Como se livrar? Sendo você mesma, expondo suas opiniões sem medo e encarando o machismo de frente. Além disso, se unindo, precisamos praticar a sororidade porque juntas somos mais fortes!

JF: Como encara as comparações que sofreu na vida, primeiro com sua mae, agora com seus Fábio Junior e Orlando Morais?

CP: A comparação acaba sendo inevitável, eu entendo isso, principalmente porque meus pais são grandes artistas, extremamente talentosos no que fazem. Mas quero ser reconhecida pelo meu próprio trabalho, meus projetos vão em outra direção.

JF: Teve medo em algum momento da sua carreira? Tem algum medo de alguma coisa?

CP: Eu tenho vários medos, rs. Tive medo da carreira como atriz, da carreira como cantora… São medos que eu ainda tenho que trabalhar em mim, diariamente. A questão é vencer esse medo. É não permitir que ele me paralise e impeça de seguir com o que amo.

Sobre a autora

A baiana Ju Ferrazcomeçou a carreira em Salvador como assessora de imprensa, até migrar para São Paulo, onde trabalhou em diversas empresas de comunicação, criando produtos editoriais exclusivos, projetos especiais de cross media e produção de eventos. Atualmente é diretora comercial, novos negócios e de relações públicas da Holding Clube. Mais do que uma executiva competente, com anos de experiência nas mais diversas plataformas, Ju é a mulher real que não tem medo de se jogar de cabeça em novos projetos e novas ideias ou de expor suas fraquezas. E mais: está longe de se transformar em uma figura idealizada descolada da realidade.

Sobre o blog

Um espaço para pensatas, conversas, divagações e troca de experiências sobre o que é ser mulher nos dias de hoje.

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